A Medula Óssea como Produto para Utilização na Medicina Regenerativa

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Você sabe qual é a principal função da medula óssea? Eu já te adianto: ela é super importante, pois produz cada uma das células do nosso sangue. 

E falando um pouco mais sobre ela, nós temos dois tipos de medula no corpo: a vermelha e a amarela.

Calma que eu te explico a diferença, mas antes vou te explicar o que são células hematopoiéticas:

São aquelas que têm a capacidade de se autorenovar e se diferenciar em outras células  especializadas, o que é um papel bem importante pro nosso corpo. 

De volta aos dois tipos de medula óssea: 

-Amarela: 

A amarela é uma medula que não possui as células hematopoiéticas ativas que falamos ali em cima. Ela também é composta de  95% de células gordurosas. 

-Vermelha:

Já a vermelha possui em sua composição 60% dessas células hematopoiéticas ativas (células tronco hematopoiéticas – HSCs) e produzem plaquetas, leucócitos e as células vermelhas do sangue. 

Bom, agora que você já sabe a principal diferença entre os dois tipos de medula óssea, vamos falar um pouquinho mais sobre ela em si. 

As células da medula:

A medula óssea apresenta em sua composição vários tipos de células. 

Entre elas, as células tronco hematopoiéticas (HSC), mesenquimais (MSC), células progenitoras e os megacariócitos. Ou seja, ela possui uma grande quantidade de células mais jovens que, justamente por isso, apresentam maior capacidade celular. 

Vamos entender um pouco mais sobre o papel de duas dessas células específicas? 

Comecemos por elas: as células mesenquimais:

Chamadas de MSCs, elas estão presentes em pequena quantidade na medula (cerca de 0,01 a 0,001%) e tem capacidade de se diferenciar em tecidos como cartilagem, osso, gordura, menisco (um disco que fica no joelho) e tendões. 

Elas também são importantes por conta do efeito parácrino. 

Já falamos outras vezes sobre ele, mas caso você não se lembre, eu explico brevemente: efeito parácrino é quando uma célula secreta biofatores, os liberam no meio e com isso, as células vizinhas sofrem alterações. Essa é atualmente descrita como uma das principais funções das MSCs.

Outro fator interessante é que elas não apresentam imunogenicidade, ou seja, não são capazes de produzir alguma resposta imune. Também atenuam a apoptose, que é a morte celular programada, a fibrose, que é uma resposta excessiva do tecido conjuntivo a algum tipo de ferimento e o processo inflamatório,  e ajuda na regulação do sistema imunológico. 

Agora, vamos para as próximas:  células tronco hematopoiéticas:

Chamadas de HSCs, elas produzem toda a linhagem de células sanguíneas num processo conhecido como hematopoiese

Além dessa função que, cá entre nós, é extremamente importante, elas também podem dar origem aos osteócitos e condrócitos, que são células que fazem parte do sistema esquelético. 

Já deu pra perceber o porquê as HSCs têm um papel super importante no mundo da medicina regenerativa, né? 

Além dessas duas, separei mais alguns outros tipos de células que você pode gostar de conhecer. Permita-me apresentá-las: 

Células imunológicas:

Como o nome já diz, elas trabalham na proteção do nosso corpo contra patógenos – moléculas ou seres capazes de causar algum processo danoso a nosso corpo. 

Elas são divididas em várias outras células. 

As mononucleares, por exemplo, possuem dois nomes diferentes: quando se localizam nos tecidos, macrófagos e quando estão no sangue, monócitos.

De acordo com o estímulo que recebem , elas são capazes de se diferenciar em células do tipo M1 ou M2. 

Para se diferenciar em  M1, o estímulo deve ter característica inflamatória e em M2, a  característica deve ser regenerativa. 

O corpo humano é realmente incrível, né?

Ainda sobre as células imunológicas, temos os neutrófilos.

Eles, por sua vez, são células responsáveis por resolver infecções bacterianas. Em sua maioria, eles fazem isso por meio de ações inflamatórias, mas também podem secretar uma série de moléculas com potencial de regeneração e angiogênese (processo de formação de novos vasos sanguíneos). Isso faz com que o potencial regenerativo seja potencializado. 

A relação dessas células com a Medicina Regenerativa:

Por conta de todas essas células e suas respectivas funções, a eficácia dos produtos derivados da medula óssea vem sendo estudada há anos. 

Um médico, chamado  Dr Heringou, comprova a eficácia desses produtos há mais de 30 anos. 

Ele já escreveu artigos que evidenciam os benefícios da medula para tratar condições como a não união óssea, necrose avascular da cabeça femoral, osteoartrose, entre outras doenças. As feridas crônicas também são tratadas com ela. 

Concluindo:

A terapia com a medula óssea está se tornando um tratamento cada vez mais comum para lesões e doenças que afetam os sistemas muscular e esquelético. 

Embora os primeiros estudos clínicos tenham mostrado resultados promissores, as falhas nas metodologias aplicadas e a falta de padronização entre os estudos limitaram as conclusões sobre o uso da medula óssea.

Por isso, o que precisamos fazer é estudar: uma melhor compreensão do mecanismo de ação, aliado a ensaios clínicos mais cuidadosamente elaborados ajudarão a revelar a eficácia e a utilidade dos produtos derivados da medula óssea e se eles se tornarão ou não uma modalidade de tratamento para várias patologias ortopédicas.

Fiquemos de olho!

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