Quando o assunto é dieta, a primeira coisa que vem à mente é o que comer. Mas o jejum intermitente, por sua vez, é sobre quando você come.
Definindo a prática
O jejum intermitente é um plano alimentar que se baseia em duas fases: jejuar e comer um horário regular. Quem segue essa estratégia realiza as refeições em uma janela alimentar específica do dia, jejuando no restante das horas, ou realizará apenas uma refeição por dia em dias específicos da semana.
Apesar de parecer louco para alguns, evolutivamente essa estratégia é compatível com o organismo humano.
O papel da nossa evolução
Nos tempos pré-históricos, antes dos humanos aprenderem a cultivar ou criar animais, nós éramos caçadores e coletores e evoluímos para sobreviver por longos períodos de tempo sem comer. Por isso, quando olhamos pela ótica da evolução, somos capazes de ficar sem comida por muitas horas e inclusive, muitos dias.
Uma outra questão que contribui para a mudança de nosso comportamento é que hoje em dia a tecnologia e seus dispositivos como celulares, televisão, aplicativos de streaming e jogos nos mantém acordados por um período maior de tempo, o que interfere de maneira negativa no nosso sono e também leva a um aumento das horas da janela alimentar.
Ou seja, passamos a comer mais por um período maior de horas durante o dia, perdendo o mecanismo de jejum intermitente natural de nossa evolução.
O prêmio Nobel do nosso ritmo natural
Em 2017, a descoberta dos mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano – a periodicidade do organismo ao longo de um dia – renderam aos cientistas Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young um prêmio Nobel. Desde então, diversos estudos e artigos publicados defendem que não basta apenas comer o alimento certo, é necessário comer nos horários certos.
A rotina do jejum intermitente
Apesar de existirem várias formas de fazermos o jejum intermitente, todas elas são baseadas no mesmo princípio de escolher períodos regulares para comer o também, jejuar.
Você pode tentar comer apenas durante oito horas por dia, jejuando nas demais, ou optar por comer apenas uma refeição por dia em dois dias da semana, por exemplo.
Mas o que acontece em nosso organismo durante o jejum intermitente?
Após algumas horas sem comer, o corpo esgota suas reservas de açúcar e começa a queimar gordura.
Vamos analisar um pouco mais a fundo: se uma pessoa come durante muitas horas por dia e não está se exercitando, toda vez que come, está consumindo calorias, que vão sendo acumuladas. Não há queima de reserva de gordura.
O jejum intermitente age otimizando essa mobilização das reservas energéticas do organismo. Inclusive, as pesquisas mostram que essa prática faz mais do que queimar gordura. Os benefícios são muitos!
Os benefícios além da queima de gordura corporal:
O jejum intermitente pode proteger os órgãos contra doenças crônicas como diabetes tipo 2, doenças cardíacas, distúrbios neurodegenerativos relacionados à idade, doenças inflamatórias e cânceres.
Veja mais alguns benefícios dessa prática:
- Aumenta a memória de trabalho em animais e a memória verbal em humanos adultos.
- Melhora a pressão arterial e os batimentos cardíacos em repouso, bem como outras medidas relacionadas ao coração.
- Homens jovens que jejuaram por 16 horas mostraram perda de gordura e manutenção de massa muscular. Camundongos que foram alimentados em dias alternados apresentaram melhor resistência na corrida.
- Previne a obesidade. E em seis breves estudos, humanos adultos obesos perderam peso através do jejum intermitente.
- Reduz o dano tecidual na cirurgia e melhora os resultados.
Incrível, não é?
Seu organismo é único: cuide dele!
É claro que cada organismo é um por isso, não existe regra universal. Por isso recomendamos que, antes de modificar sua dieta e seus hábitos, sempre consulte um profissional médico e nutricionista. Tudo deve ser tratado de forma única e personalizada para que esses benefícios possam prevalecer.