Dor: o que é, como entendemos e a sentimos?

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O que é a dor? 

Se alguém te fizer essa pergunta, você sabe responder?  Apesar dela ser algo com o qual convivemos diversas vezes ao longo da vida, defini-la não é assim tão fácil e é por isso que eu vou te ajudar. 

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor, ela é uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada – ou semelhante àquela associada –  a uma lesão tecidual real ou potencial. 

Com essa definição, fica fácil entender que a dor é uma das principais causas de sofrimento físico experimentadas pelo ser humano. 

Bom, que a dor é um incômodo a gente já sabe. Mas você sabia que sentí-la é essencial para a sobrevivência de qualquer espécie animal? Isso porque sua presença sinaliza que algo está errado. Para os animais, isso ativa um comportamento protetor. Já para nós, seres humanos, além desse comportamento protetor, ela também nos leva a buscar ajuda. 

Mas como sentimos a dor? 

Primeiramente, deixo uma coisa bem clara para vocês: todo e qualquer tipo de dot é percebida pelo cérebro. A informação da dor percorre vários caminhos até chegar nas estruturas cerebrais que a percebem. 

Por exemplo, nós possuímos diversos receptores nervosos em nossa pele, articulações e músculos. Esses receptores são ativados por diferentes tipos de estímulos, sendo os principais: 

  • Mecânico: cortes, batidas e perfurações; 
  • Térmico: substâncias quentes, fogo; 
  • Químicos: substâncias ácidas. 

Para que esses estímulos sejam transportados pelos neurônios, eles precisam ser estímulos elétricos. O papel dos receptores de dor é justamente transformá-los de modo que eles sejam transportados e com isso, percebidos. Essa transformação é chamada de “tradução”.

Existem várias fases de dor, sendo que somente na quarta fase  é que o cérebro percebe a dor, propriamente dita. É nessa fase que sentiremos a dor em suas diversas características como intensidade (fraca, moderada ou intensa), se a dor é em queimação ou em pontadas e até mesmo a própria duração. 

Depois dessa fase, na qual o cérebro interpreta a dor, ocorre o que chamamos de modulação da dor. Impulsos nervosos são mandados de volta do local da dor no sentido de diminuir a sua intensidade. 

É como se o cérebro dissesse:  “Já registrei que algo está errado, agora podemos diminuir o sofrimento”. Mas nós sabemos que infelizmente, nem sempre o sistema funciona de forma tão perfeita assim.  

Bom, quando o assunto é dor você já deve ter ouvido falar de uma certa classificação: dores crônicas e agudas. 

Conheça agora o que define cada uma delas: 

As dores agudas são consideradas fisiológicas, como um sinal de alerta que é bem importante para a sobrevivência. Sua duração é limitada e  assim que a causa for resolvida, ela passa. Por exemplo, a dor resultante de um corte passa após a cicatrização. 

Já as dores crônicas não tem a finalidade biológica de alerta e sobrevivência e podemos dizer que se constituem verdadeiramente como uma doença. Seu aspecto temporal também é diferente:  as definições variam, mas normalmente elas duram mais de três meses ou persistem assim que há a cura da lesão inicial. 

Um fato preocupante é que segundo estudos, aproximadamente 100 milhões de americanos sofrem com dores crônicas, o que representa de 20 a 30% da população. Um número que gera além de sofrimento individual, inúmeros gastos tanto diretos (gastos com tratamentos) quanto indiretos (perda de produtividade). 

Continuando falando sobre os EUA, é sabido que o país gasta mais de 600 bilhões de dólares por ano com pacientes com dores crônicas, muito mais do que com diabetes ou doenças cardiovasculares. 

Você sabe qual é a dor crônica mais comum da atualidade? 

As dores lombares. Com certeza você sofre ou conhece alguém que sofre com elas, certo?  Fruto da mudança de estilo de vida, aumento da obesidade e sedentarismo, a incidência dessa dor nas últimas décadas subiu de 4% para 10%. 

E como se não bastasse, pesquisadores concluíram que a dor lombar crônica é o problema de saúde que mais causa impacto no ser humano. Ou seja, são muitas pessoas sofrendo uma dor que é bem grave. 

Alguns outros tipos de dores frequentes são as de cabeça e as cervicais. E com o uso dos smartphones nos últimos anos e a postura inadequada adotada por conta de seu uso, os casos de cefaléia e cervicalgias certamente terão um aumento exponencial. 

Um outro desafio no tratamento álgico – da dor – são os pacientes oncológicos. Mais de 70% deles relatam dores crônicas sendo que desses, praticamente metade relatam dores de forte intensidade. Infelizmente, ainda vivemos um momento no qual as dores dos pacientes com câncer são subtratadas, sendo que apenas 3% deles são encaminhados para especialistas em dor.  

“E como é esse tratamento?”, você pergunta. 

O tratamento das dores crônicas é feito baseado na Escala Analgésica da Dor, uma escala proposta pela Organização Mundial da Saúde no final da década de 80 e que teve grande valia em legitimar, em casos específicos, o uso de opióides. 

Segundo a Instituição, a potência dos analgésicos deve ser aumentada à medida que a intensidade da dor do paciente aumenta. Mas, infelizmente, hoje sabemos que o uso de analgésicos é capaz de controlar pouco mais de 30% dos casos de dores crônicas, deixando a grande maioria dos pacientes na mão. 

Em casos como esse último, nos quais os medicamentos não são suficientes para controle da dor, a equipe interdisciplinar que cuida do paciente pode e deve recorrer a procedimentos intervencionistas minimamente invasivos e não cirúrgicos de modo a, finalmente, controlar a dor crônica. 

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